sábado, 30 de maio de 2009

Ministros do G8 anunciam maior combate ao crime organizado

DW - Ministros dos países do G8, reunidos em Roma, anunciam combate mais acirrado ao crime organizado, ao terrorismo e à pirataria. A conduta italiana frente a imigrantes ilegais foi tema polêmico no encontro.

Numa declaração final divulgada neste sábado, os ministros do Interior e Justiça do G8 (sete países mais ricos do mundo e Rússia) se comprometeram a combater de forma mais eficaz e conjunta as atividades de organizações criminosas internacionais.

A estratégia do governo italiano de confiscar bens e capital da máfia e reinvestir esses valores no combate à mesma deverá ser ampliado para outros países do G8, afirmaram os ministros. Segundo as autoridades italianas, o país confiscou no último ano cerca de 4,3 bilhões de euros de estruturas mafiosas no país, um montante três vezes maior que o reunido em 2007.

Destino dos ex-prisioneiros de Guantánamo

No encontro, realizado por dois dias em Roma, que contou também com a participação do comissário de justiça da UE, Jacques Barrot, e de representates da Interpol e do escritório para drogas e criminalidade das Nações Unidas, os ministros dos países do G8 reafirmaram seus propósitos de combater o terrorismo.

Isso deve se dar, contudo, em procedimentos que respeitem "os direitos humanos, o direito de asilo e o Direito europeu", consta da declaração divulgada em Roma.

O ministro italiano do Interior, Roberto Maroni, defendeu uma solução europeia comum para a questão dos ex-prisioneiros de Guantánamo. A Itália, segundo ele, deverá aceitar no máximo três ex-prisioneiros. O assunto deverá ser retomado num encontro de ministros agendado para a próxima semana, a ser realizado em Luxemburgo.

Governo italiano acusado de xenofobia

O fluxo de imigrantes ilegais e o tráfico humano foram também assuntos altamente discutidos pelos ministros do G8 em Roma, aventados principalmente pelos representantes dos países europeus mediterrâneos. Em 2008, chegaram à costa italiana 36.500 refugiados; em 2009 já foram mais de seis mil, citou Maroni.

O ministro italiano defendeu a política para refugiados do governo conservador do premiê Silvio Berlusconi, acusado internacionalmente de xenofobia. As Nações Unidas afirmam que a estratégia de Roma de deportar africanos ainda em alto mar, antes que esses ao menos pisem em solo italiano – e, desta forma, nem tenham a oportunidade de requerer asilo no país – vai contra a Convenção de Genebra para Refugiados. "A Espanha já deportou 10 mil desta forma e aqui estão se irritando porque deportamos 500", disse Maroni.

Para aqueles que teriam o direito de requerer asilo, explicou o comissário Barrot, o mecanismo de deportá-los a partir de um abrigo para imigrantes situado na Líbia é "insuficiente e inadequado". Desde que o governo italiano, em parceria com o governo líbio, iniciou um processo de triagem de refugiados em Trípoli, o número de imigrantes que chegam à Itália diminuiu, salientou o ministro italiano.

Um grupo de manifestantes foi às ruas de Roma neste sábado protestar contra o encontro do G8. Os críticos da globalização carregavam faixas com os dizeres "quem silencia se torna cúmplice" ou "somos todos imigrantes ilegais". A conduta da UE em relação aos refugiados deverá ser tema do encontro de cúpula do bloco, a ser realizado ainda em junho.

Controle do Facebook

O combate à pirataria na costa africana foi também discutido pelos ministros em Roma. O secretário-geral da Interpol, Ronald Noble, afirmou que o problema não pode ser visto como uma questão apenas militar, mas deverá ser combatido como crime organizado.

Noble sugeriu ainda a criação de um banco de dados de suspostos piratas. "Precisamos reunir as informações sobre os envolvidos, a fim de saber mais sobre outros suspeitos e seus procedimentos", disse ele.

Em relação ao combate à criminalidade na internet, os ministros reunidos na Itália aprovaram a criação de uma "lista negra" de sites suspeitos nos diversos países do G8. Em cooperação com as Nações Unidas e com a Interpol, deverá ser feito um controle mais acirrado de redes como o Facebook em relação a suspeitas de crime organizado, pedofilia, pornografia infantil e terrorismo. (DEUTSCHE WELLE - 30/5/2009)

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