quarta-feira, 17 de setembro de 2008

"Como envenenei Nápoles", a confissão

"Temo pela minha vida e por isso decidi colaborar com a Justiça e dizer tudo que me concerne, inclusive crimes por mim cometidos. Em particular, pretendo referir o desaparecimento ilegal de resíduos especiais, tóxicos e nocivos, a partir de 1987-88 até o ano de 2005. Descarregamentos feitos em cavernas, áreas de mata virgem, em ações de descarga não autorizadas e em lugares que posso materialmente indicar, tendo eu também contribuído..."

Assim começa a mais desconcertante confissão de Gaetano Vassalo, um dos responsáveis pela devastação de uma região: 20 anos de venenos escondidos por toda parte que contaminaram o solo, a água e o ar da Campânia, uma das mais belas, históricas e turísticas regiões da Itália.

Foram 20 anos de dinheiro fácil que consolidaram o poder de moradores de subúrbios e do campo, transformados praticamente em donos deste "negócio sujo e rentável", diz a reportagem da revista semanal italiana "L'Espresso", assinada por Gianluca Di Feo e Emiliano Fittipaldi.

É o testemunho chocante de uma "loucura coletiva" - assinalam os repórteres -, que, desde o fim dos anos 80, levou prefeitos, líderes locais e lavradores a semear sucata tóxica nos campos entre Nápoles e Caserta.

Gaetano Vassallo foi o inventor do tráfico, segundo a revista: o "empreendedor" que abriu a rota dos resíduos tóxicos às empresas da região Norte da Itália. E administrou o "grande negócio" por anos a fio. O lixo transbordou, para todo o mundo ver.

Um comentário:

Petro disse...

Que tristeza !
Gostaria de ver até que ponto chegaria o cinismo de alguns setores pró-norte da Italia ao defenderem as empresas dessa região que "proveram" o material tóxico que contaminou o sul da península.