terça-feira, 30 de setembro de 2008

Partigiani: filme de Spike Lee causa reações


"O fato que filmes como esse suscitem polêmicas, abram discussões é sem dúvida positivo: partindo de um belíssimo romance de James McBride, tentamos oferecer uma hipótese em torno de um episódio histórico: o massacre de 560 inocentes pelas mãos dos nazistas em Sant'Anna de Stazzema em 12 de agosto de 1944". Assim Spike Lee apresenta seu "Milagre em Sant'Anna" (em tradução literal, ainda sem título em português), nos cinemas italianos a partir de 3 de outubro, próxima sexta-feira.

O diretor se esquiva das discussões geradas na Itália por conta da tese de traição, por parte de um "partigiano" (italiano antifascista partidário dos Aliados), como causadora do extermínio na Toscana em 1944: "há tantas questões ainda abertas e este é um entre os capítulos da história italiana ainda não esclarecidos. Durante a Segunda Guerra Mundial os partigiani italianos, assim como os franceses, não eram sempre bem vistos pelos próprios patrícios, porque após suas ações se escondiam entre as montanhas, deixando os civis à mercê de eventuais represálias dos nazistas", disse Spike Lee.

Centrado na história de quatro soldados afro-americanos da 92ª Divisão "Buffalo Soldiers", inteiramente composta por militares negros que ficam presos em uma pequena cidade da Toscana além das linhas inimigas, o filme é baseado no livro homônimo de James McBride. Ele é também responsável pela cenografia, em colaboração com Francesco Bruni. "Mesmo tratando-se em muitos aspectos de uma história ficcional - confirma o próprio autor - decidi escrever o romance após ter visitado Sant'Anna: depois 50 anos daquele massacre ninguém falava disso e senti a necessidade de contar às pessoas o que aconteceu lá".

"Não é um livro de História, mesmo porque não bastariam 500 para entender o que foi na realidade a guerra na Itália, onde irmãos combatiam contra irmãos, os pais contra os filhos. Desculpo-me por talvez ter tocado a sensibilidade dos partigiani, também porque como afro-americanos sabemos o que quer dizer ler e ver obras que falam de você escritas ou realizadas por outros, mas se um filme do gênero provoca uma discussão, quer dizer que atingimos nosso principal objetivo", declarou Mc Bride à agência AdnKronos.

O longa é interpretado por Laz Alonso, Omar Benson Miller, Derek Luke e Michael Ealy, os quatro soldados da 92ª Divisão, e pelos atores italianos Valentina Cervi, Omero Antonutti, Sergio Albelli, Lydia Biondi, Luigi Lo Cascio e Pierfrancesco Favino, no papel do partigiano Peppi e o pequeno Matteo Sciabordi, no papel de Angelo, a criança em torno da qual gira toda a história.
De imediato, as reações na Itália se mostram candentes: desde exigência de pedidos de desculpas pelo filme a protestos. O vice-presidente da seção de Pietrasanta da ANPI (Associação Nacional dos Partigianos da Itália), Giovanni Cipollini, avisou que haverá distribuição de folhetos contra a obra na antevéspera da estréia, por suas "mentiras históricas e pela ofensa dirigida à Resistência".
Spike Lee já respondeu que, como cineasta, não pedirá desculpas .

Um comentário:

Pedrita disse...

eu nunca vi um filme desse diretor. beijos, pedrita